Aula 4 – Predicados, predicativos e adjuntos adnominais

1)      "Parece que os próximos dias serão bonitos." Aqui não entendi por que o "parece" não é verbo de ligação.

 Simplesmente pelo fato de ele não ter um predicativo. São duas orações, e a primeira só apresenta a forma verbal “Parece”. Assim, ele é um verbo intransitivo, do tipo unipessoal, isto é, que só aparece na terceira pessoa. Veja que seria possível substituí-lo por “Consta”.

A segunda oração, que é o sujeito oracional da primeira (Oração 1: Principal; Oração 2:  Subordinada substantiva subjetiva), tem um verbo de ligação (“serão”) e um predicativo (“bonitos”), que se refere ao sujeito “os próximos dias”.

 2)      O fator principal para um predicado ser verbonominal é ter o predicativo sem o verbo de ligação?

 Isso mesmo!

Predicados nominais têm verbo de ligação e predicativo do sujeito:

a) “A explicação ficou ótima!” – sujeito + verbo de ligação + predicativo.

Predicados verbais têm verbos que não são de ligação, transitivos diretos, transitivos indiretos, transitivos diretos e indiretos ou intransitivos:

a)      “O professor disse a verdade.” – sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto.

b)      “O mundo precisa de paz.” – sujeito + verbo transitivo indireto + objeto indireto.

c)      “Todos deram uma desculpa ao mestre.” – sujeito + verbo transitivo direto e indireto + objeto direto + objeto indireto.

d)      “A aula acabou.” – sujeito + verbo intransitivo

Todos não têm predicativo!

E predicados verbonominais têm verbos que não são de ligação acompanhados de predicativo:

e)      “O professor, assustado, disse a verdade.” – sujeito + predicativo do sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto.

f)       “O mundo, preocupado, precisa de paz.” – sujeito + predicativo do sujeito + verbo transitivo indireto + objeto indireto.

g)      “Todos julgaram a desculpa dada hipócrita.” – sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto (“a desculpa dada”) + predicativo do objeto (“hipócrita”).

h)      “A aula acabou enrolada.” – sujeito + verbo intransitivo + predicativo do sujeito.

3)      O sr. deu como exemplo: "O professor recebeu a aluna carinhoso." Se em vez de carinhoso estivesse carinhosa ou carinhosamente, o que mudaria?

Muda um adjetivo (que se refere ao substantivo “professor”) para outro adjetivo, que se refere à aluna, e para um advérbio (que se refere ao verbo “receber”)!

a)      "O professor (sujeito) recebeu (verbo transitivo direto) a aluna (OD) carinhoso (predicativo do sujeito)." – Predicado verbonominal!

b)      "O professor (sujeito) recebeu (verbo transitivo direto) a aluna carinhosa  (adjunto adnominal) ou a aluna (OD) carinhosa (predicativo do objeto)." – No primeiro caso, sem pausa no falar, o predicado é verbal; no segundo, com pausa entre “a aluna” e “carinhosa”, já é caso de predicado verbonominal!

c)      "O professor (sujeito) recebeu (verbo transitivo direto) a aluna (OD) carinhosamente (adjunto adverbial de modo)." – Agora, como não tem predicativo, é um caso de predicado verbal.

4)      "O ex-governador cearense chamou o petista de bobalhão." - Nesse caso, eu sou uma das pessoas que achariam que o "de bobalhão" é OI, porque quem chama, chama alguém de alguma coisa. Como fazer para tirar essa impressão? É aquele caso de analisar e entender que a qualidade "bobalhão" não é inerente ao petista?

Repare que não há dois objetos. O “petista” e o “bobalhão” são a mesma pessoa, isto é, o segundo termo é uma qualidade atribuída ao primeiro.

Trata-se de um caso semelhante a outros já vistos. Equivale a dizer que “O ex-governador cearense achou que o petista é bobalhão." Teríamos, assim, duas orações com dois predicados, um verbal e outro nominal.

A evolução da língua criou essa forma de dizer tudo com um só verbo, o transitivo direto, ocultando o verbo de ligação.

É o caso do predicado verbonominal. O uso da preposição “de” deixa a noção de qualidade atribuída bem mais nítida, provocando uma pausa entre essa expressão e o substantivo a que se refere:

"O ex-governador cearense “(sujeito) chamou (verbo TD) o petista (OD) de bobalhão (predicativo do OD)."

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Aula 3 – Predicados e predicativos

1)      Poderia me dar um exemplo de predicativo explicativo entre vírgulas, por favor?

 Claro. Lembre-se de que o predicativo do sujeito mais comum quando vem depois de verbo de ligação – “A aula é excelente!”. Esse não tem vírgula e é exemplo de predicado nominal.

O predicativo do objeto pode trazer alguma dúvida e, embora seja precedido de uma pausa, também não tem vírgula: – “Todos consideraram a aula excelente!”. Agora, temos um predicado verbonominal, pois apresenta um verbo que não é de ligação (verbo transitivo direto, com objeto direto “a aula”), mas tem um predicativo.

Para um predicativo apresentar vírgula e ter valor explicativo, basta aparecer, por exemplo, antes ou no meio do sujeito: “A jovem, surpresa, percebeu que há realmente uma diferença.”

Diferencia-se do aposto por trazer uma noção adjetiva, e não substantiva.

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 2)      "Nós achamos a professora estressada." - Nesse caso o verbo é de ligação?

 Não! Para termos um verbo de ligação, a oração teria de ser assim: “A professora estava estressada.” Só existindo estado, há, depois do sujeito e do verbo, um predicativo do sujeito “estressada”. É um predicado nominal.

O seu exemplo tem um verbo transitivo direto “achar”, com o sentido de “julgar”, e um objeto direto, “a professora”. Assim, ele não é de ligação, apesar de ter um predicativo, o adjetivo “estressada”, que se refere ao objeto. Portanto, é um predicativo do objeto direto, já que “estressada” é uma qualidade ou estado que se atribui à “professora”. É um caso de predicado verbonominal, pois equivale a um período com duas orações, sendo a segunda com um verbo de ligação: "Nós achamos que a professora estava estressada."

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 3)      Mestre, em “Eles faziam um churrasco maravilhoso, essa palavra sublinhada é um predicativo ou um adjunto adnominal?

Não se trata de um predicativo do objeto. “Maravilhoso” é uma qualidade inerente, e não atribuída, ao “churrasco”. Se passássemos para a voz passiva, esse adjetivo permaneceria junto do substantivo: “Um churrasco maravilhoso era feito por eles.”

Outra estratégia eficiente é ver se, numa simples alteração de ordem, o adjetivo fica junto ou separado do nome a que se refere. Se permanecer entre o artigo e o substantivo, é adjunto adnominal: “Eles faziam um maravilhoso churrasco.”

Caso fosse predicativo, ficaria separado.

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 4)      Oi, profe, tudo bem? Nesta oração, as palavras sublinhadas são verbos ou adjetivos? A função é a mesma? “Nós julgamos o problema apresentado resolvido.”

Os dois se originam dos verbos “apresentar” e “resolver”, mas, como “apresentado” e “resolvido” estão depois do substantivo a que se referem, são adjetivos, sendo o primeiro adjunto adnominal, já que se trata de uma qualidade inerente e faz parte do objeto direto (“o problema apresentado”); enquanto o outro é predicativo do objeto, uma qualidade atribuída.

Veja as duas estratégias que confirmam as funções: na simples mudança de ordem, “resolvido” fica separado: “Nós julgamos resolvido o problema apresentado.”; e, passando para a Voz Passiva: O problema apresentado foi julgado resolvido por nós.”, “resolvido” vem depois do verbo.

Observou: “apresentado”, nos dois exemplos, permanece junto de “problema”, é, portanto, adjunto adnominal; entretanto, “resolvido” não fica junto, por isso, é predicativo do objeto.

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Aula 2 – Predicado e verbos

1)      Professor, na oração seguinte – “Há pessoas estranhas no Planalto” –, qual é o predicado? 

O predicado é a oração toda, uma vez que, com o verbo “haver” no sentido de “existir”, não existe sujeito. O verbo é transitivo direto e vem acompanhado do seu objeto direto (“pessoas estranhas”) e o termo “no planalto” é um adjunto adverbial de lugar.

 2)      Professor, não entendi por que “chegava” – na oração “A torcida chegava ao estádio” – não é verbo transitivo indireto?

“Quem chega chega a algum lugar.” Verbos transitivos precisam de complemento, que entendemos como “alguma coisa” ou “alguém”. Nesse exemplo, aparece uma circunstância, isto é, uma ideia de lugar. Em “A torcida chegava ao estádio”, temos um adjunto adverbial de lugar.

 3)      Mestre querido, esta, eu não entendi mesmo! Por que o verbo “continuar”, no exemplo – “O atleta continua em campo” – , é intransitivo? Não seria transitivo indireto? Por que não é um verbo de ligação?

Antes de tudo, lembre-se de que a transitividade é uma propriedade oracional, isto é, depende da oração. Aqui, é intransitivo porque está seguido de um termo que indica lugar.

Transitivos indiretos precisam ser seguidos das expressões “alguma coisa” ou “alguém”, precedida de uma preposição, por exemplo: “a” ou “em” ou “de” ou...

A locução “em campo” dá ideia de lugar – é um adjunto adverbial de lugar –, não podendo, assim, ser o objeto indireto desse verbo.

O verbo “continuar” poderia ser transitivo direto – “continuar alguma coisa” –, mas teria de ser assim: “Ela continua o trabalho.”

Também admite ser um verbo de ligação, mas precisa, depois, de uma noção de estado, qualidade ou condição, por exemplo: “A moça continua triste” e “O tempo continuou ruim.”

4) "O cientista está em um estranho laboratório." - Aqui foi informado que a forma verbal “está” é VI, mas VI não são aqueles que não pedem complemento? Imagino que, nesse caso, o “está” pede complemento, pois ficaria estranha a oração "O cientista está." (está o quê? está onde?).

Ë verdade! Parece incompleto...

Sua maneira de raciocinar está ligada ao uso mais comum do verbo “estar”, ou seja, como verbo de ligação, quando indica uma noção de estado.

a)      “A noite está bonita.” (sujeito + verbo de ligação + predicativo do sujeito) – caso de predicado nominal

No entanto, há outro uso, memos comum para esse verbo:

b)      “A Flavia está?” (sujeito + verbo intransitivo) – caso de predicado verbal

Nesse caso, alguém poderia responder, acrescentando uma noção de lugar, não um complemento, mas uma circunstância:

a)      “A Flavia está em casa.” (sujeito + verbo intransitivo + adjunto adverbial de

lugar) – ainda um caso de predicado verbal.

            Verbos intransitivos só não admitem vir acompanhados de OD e de OI. É normal virem com adjuntos adverbiais e predicativos.

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Amanhã: Aula 3 – Predicados e predicativos


Minicurso de Análise Sintática do Prof. Ozanir Roberti

Todas as explicações apareceram após dúvidas de alunos dos meus cursos/

Aula 1 – Sujeito

1)      Na frase, “O que aconteceu?”, qual é o sujeito?  Professor, socorro!

Você precisa internalizar a ideia de que sujeito é um termo, não necessariamente uma pessoa, uma animal ou uma coisa, mesmo que nós não saibamos o que ele significa ou o que ele substitui.

Compare as estruturas e veja como elas se equivalem:

a)      O menino saiu.

b)      Ele saiu.

c)      Alguém saiu?

d)      Quem saiu?

e)      Isso aconteceu?

f)       O que aconteceu?

Todas são estruturas com sujeito simples – um só núcleo: “O menino”, “Ele”, “Alguém”, “Quem”, “Isso” e ”O que” –  e predicado, que é sempre a forma verbal “saiu” ou “aconteceu”.

 2)      "Consideraram-se todas as hipóteses." - O sujeito é indeterminado?

E, na frase, "Fala-se muito." – Mestre, o “se” é partícula apassivadora? E o muito é sujeito?

 Vamos devagar! No exemplo inicial, temos um verbo transitivo direto; assim, o “se” forma uma voz passiva pronominal. O sujeito (paciente ou passivo) é “todas as hipóteses”; por isso, o verbo está no plural, equivalendo a uma voz passiva verbal: “Todas as hipóteses foram consideradas." Esse é o caso do “se” apassivador.

 Em “Fala-se muito.”, o que temos é um verbo intransitivo, ou seja, um verbo que não rege objeto direto. Então, não é possível formar uma voz passiva, pois só o objeto direto permite tal mudança. Não havendo voz passiva, o sujeito fica indeterminado – “muito” é um adjunto adverbial de intensidade. Nesse caso, costuma-se considerar o “se” como indeterminador do sujeito.

A diferença é só essa: se o verbo que pede objeto direto recebe um “se”, temos o primeiro caso, o do “se” apassivador, mas, se o verbo não pede objeto direto, é o segundo caso, o do “se” indeterminador.

3)      "Dizem que a notícia é mentirosa." – Aqui, pensei que, em "a notícia é mentirosa", “a notícia” é o sujeito da oração. Mas "a notícia é mentirosa" poderia é o sujeito ou o OD da primeira oração? Porque, afinal, quem diz diz alguma coisa. Professor, peço sua ajuda.

Você está quase certa! Há dois verbos, e cada um deve ter o seu sujeito.

Comecemos pela segunda oração, aquela que se liga ao primeiro verbo pela

conjunção subordinativa integrante “que”. “A notícia” é o sujeito, “é”, o verbo de ligação, e “mentirosa”, o predicativo do sujeito. Essa oração funciona como objeto direto do primeiro verbo: “quem diz diz alguma coisa”. “Diz o quê?”

Agora, vamos para a primeira oração, a principal: “Dizem” é exemplo de sujeito indeterminado, pois há alguém que diz, mas não se determina quem é. Isso ocorre com verbos na 3ª pessoa do plural sem determinação do sujeito.

4) “É importante pensar no futuro.” Professor, dois sujeitos?  Como é possível?

Sim. Isso mesmo. Se há dois verbos, são duas orações, logo existem dois sujeitos.

O primeiro verbo é de ligação, “ser”, que vem acompanhado do predicativo “importante”; logo, falta-lhe o sujeito. Assim, o sujeito do primeiro verbo é a segunda oração: [“pensar no futuro.”]. Observe que responde à clássica pergunta: “O que é importante?” 

É o que a Nomenclatura Gramatical Brasileira classifica como sujeito oracional.

Vamos, agora, à segunda oração:

- “pensar no futuro” – é claro que “pensar” é um verbo, então ele precisa de um sujeito. Há alguém que pensa; assim, vemos que o sujeito existe, mas não conseguimos identificar “quem” ou “qual” é.

O melhor é entender que é uma referência a “todos”, ou seja, equivale a “pensarem no futuro”. É por isso que o consideramos indeterminado: ele existe, mas não é uma pessoa ou uma coisa determinada, mas, sim, equivale a “todos em geral”, ou seja, “todo mundo”.

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- "Curso on-line de Atualização em Análise Sintática”, “Turma 21" [início em novembro; 10 semanas; aulas gravadas ou ao vivo, por Skype]

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- "Curso on-line de Aperfeiçoamento para Revisores Nível 1”, “Turma 4" [início em novembro; 10 semanas; aulas gravadas ou ao vivo, por Skype; pré-requisito: ter concluído o “Curso on-line de Formação em Revisores e Atualização em Língua Portuguesa”]
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- "Curso on-line de Aperfeiçoamento para Revisores Nível 2”, “Turma 2" [início em novembro; 10 semanas; aulas gravadas ou ao vivo, por Skype;; pré-requisito: ter concluído o” Curso on-line de Aperfeiçoamento para Revisores Nível 1”]

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