1) "Parece que os próximos dias serão bonitos." Aqui não entendi por que o "parece" não é verbo de ligação.
Simplesmente pelo fato de ele não ter um predicativo. São duas orações, e a primeira só apresenta a forma verbal “Parece”. Assim, ele é um verbo intransitivo, do tipo unipessoal, isto é, que só aparece na terceira pessoa. Veja que seria possível substituí-lo por “Consta”.
A segunda oração, que é o sujeito oracional da primeira (Oração 1: Principal; Oração 2: Subordinada substantiva subjetiva), tem um verbo de ligação (“serão”) e um predicativo (“bonitos”), que se refere ao sujeito “os próximos dias”.
2) O fator principal para um predicado ser verbonominal é ter o predicativo sem o verbo de ligação?
Isso mesmo!
Predicados nominais têm verbo de ligação e predicativo do sujeito:
a) “A explicação ficou ótima!” – sujeito + verbo de ligação + predicativo.
Predicados verbais têm verbos que não são de ligação, transitivos diretos, transitivos indiretos, transitivos diretos e indiretos ou intransitivos:
a) “O professor disse a verdade.” – sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto.
b) “O mundo precisa de paz.” – sujeito + verbo transitivo indireto + objeto indireto.
c) “Todos deram uma desculpa ao mestre.” – sujeito + verbo transitivo direto e indireto + objeto direto + objeto indireto.
d) “A aula acabou.” – sujeito + verbo intransitivo
Todos não têm predicativo!
E predicados verbonominais têm verbos que não são de ligação acompanhados de predicativo:
e) “O professor, assustado, disse a verdade.” – sujeito + predicativo do sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto.
f) “O mundo, preocupado, precisa de paz.” – sujeito + predicativo do sujeito + verbo transitivo indireto + objeto indireto.
g) “Todos julgaram a desculpa dada hipócrita.” – sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto (“a desculpa dada”) + predicativo do objeto (“hipócrita”).
h) “A aula acabou enrolada.” – sujeito + verbo intransitivo + predicativo do sujeito.
3) O sr. deu como exemplo: "O professor recebeu a aluna carinhoso." Se em vez de carinhoso estivesse carinhosa ou carinhosamente, o que mudaria?
Muda um adjetivo (que se refere ao substantivo “professor”) para outro adjetivo, que se refere à aluna, e para um advérbio (que se refere ao verbo “receber”)!
a) "O professor (sujeito) recebeu (verbo transitivo direto) a aluna (OD) carinhoso (predicativo do sujeito)." – Predicado verbonominal!
b) "O professor (sujeito) recebeu (verbo transitivo direto) a aluna carinhosa (adjunto adnominal) ou a aluna (OD) carinhosa (predicativo do objeto)." – No primeiro caso, sem pausa no falar, o predicado é verbal; no segundo, com pausa entre “a aluna” e “carinhosa”, já é caso de predicado verbonominal!
c) "O professor (sujeito) recebeu (verbo transitivo direto) a aluna (OD) carinhosamente (adjunto adverbial de modo)." – Agora, como não tem predicativo, é um caso de predicado verbal.
4) "O ex-governador cearense chamou o petista de bobalhão." - Nesse caso, eu sou uma das pessoas que achariam que o "de bobalhão" é OI, porque quem chama, chama alguém de alguma coisa. Como fazer para tirar essa impressão? É aquele caso de analisar e entender que a qualidade "bobalhão" não é inerente ao petista?
Repare que não há dois objetos. O “petista” e o “bobalhão” são a mesma pessoa, isto é, o segundo termo é uma qualidade atribuída ao primeiro.
Trata-se de um caso semelhante a outros já vistos. Equivale a dizer que “O ex-governador cearense achou que o petista é bobalhão." Teríamos, assim, duas orações com dois predicados, um verbal e outro nominal.
A evolução da língua criou essa forma de dizer tudo com um só verbo, o transitivo direto, ocultando o verbo de ligação.
É o caso do predicado verbonominal. O uso da preposição “de” deixa a noção de qualidade atribuída bem mais nítida, provocando uma pausa entre essa expressão e o substantivo a que se refere:
"O ex-governador cearense “(sujeito) chamou (verbo TD) o petista (OD) de bobalhão (predicativo do OD)."
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