O hífen e suas armadilhas

Com o Acordo Ortográfico de 2009, há uma nova regra sobre o uso do hífen: palavras compostas que tenham elemento de ligação e não sejam nomes de animais ou vegetais perdem os hifens. Vale entender palavra de ligação com o sentido mais amplo.

Assim, “dia-a-dia” (= rotina), “fogão-a-gás”, “pé-de-moleque” e “olho-de-sogra” (= doces) perdem seus hifens e passam a ser escritas da seguinte maneira: “dia a dia”, “fogão a gás”, “pé de moleque” e “olho de sogra”.

No entanto, “joão-de-barro” (= pássaro), “bem-te-vi” (= pássaro), “pé-de-bezerro” (= planta), “bênção-de-deus” (= planta), por estarem nos campos da zoologia e da botânica, mantêm os seus hifens.

Temos de tomar cuidado com situações que podem nos levar a erros de grafia. Veja só: existe “bico-de-papagaio” (= planta) com hifens, ao lado de “bico de papagaio” (= calcificação na coluna); também há “não-me-toques” (= planta) e “não me toques” (= melindres, cuidados excessivos). O vocabulário nem sempre esclarece tudo. e o dicionário é chamado a ajudar.

Finalmente, há exceções inexplicáveis ou cujas histórias que as justificam se perdem no tempo ou se acham na imaginação. Segundo o VOLP/ABL, essas grafias são oficiais:

“água-de-colônia” (= perfume), “arco-da-velha” (= arco-íris), “cor-de-rosa” (= cor), “mais-que-perfeito” (= tempo verbal) e “pé-de-meia” (poupança).

Hoje, confirmei que não é possível continuar assim:  existe uma planta chamada “cruz-de-malta”, que, na verdade, não é a cruz de malta, símbolo do Vasco da Gama.