Vida de revisor é difícil 14 Só em pergunta, escreve-se "por que" assim, separado?

Professor, se não é pergunta, por que o “porque” da frase tem que ser separado? “De forma simples, a blogueira mostra porque as dificuldades podem não ser bem assim.”

É um caso que derruba muita gente boa. Até porque costumam dizer que "por que" separado é interrogativo. Costumo ensinar que, se ele puder ser substituído por “por qual”, “pelo qual” ou “por que motivo”, deve ser escrito separado. E esse “por que” pode ser substituído por “por que motivo”. Agora, vamos lá: por que isso ocorre? É... Vamos ver por que isso ocorre. Entendeu a dica? Ainda não? O verbo “mostrar”, na frase que lhe trouxe a dúvida, é seguido de uma oração que lhe serve como objeto direto (oracional). Exatamente como o verbo "ver" do meu exemplo. O “por”, que a inicia, é uma preposição, e o “que”, um pronome substantivo indefinido, daí a possibilidade de ele ser substituído por “que motivo”, quando, então, ele passa a ser um pronome adjetivo. Veja que teríamos a seguinte possibilidade de compreensão: “...as dificuldades podem não ser bem assim por esse motivo (preposição + pronome adjetivo + substantivo).” Ou, simplesmente: “...as dificuldades podem não ser bem assim por isso (preposição + pronome substantivo).”

Assim, é claro que se trata de duas palavras: o “por”, preposição, e o “que”, um pronome.


Vida de revisor é difícil 13 Auto-medicação ou automedicação?

Professor, o certo é “O povo brasileiro precisa parar com a auto-medicação ou automedicação.”?

A regra geral referente aos prefixos e pseudoprefixos é clara: só existe hífen com aqueles que se colocam antes de palavra que comece com “h” ou com a mesma vogal que encerra o prefixo. Assim: o prefixo “auto-“ só teria hífen antes de “h” (“auto-hemoterapia”) e antes de palavra que comece com “o” (“auto-ônibus” e “auto-oscilação). Não sendo esses dois casos, sempre se escreve junto, isto é, sem hífen: “automedicação”, “autonomia”, “autopreservação”. Cuidado com as palavras que comecem por “r” e “s”! Ao receberem o prefixo, não têm o hífen, mas dobram-se o “r’ e o ‘s”: “autorregeneração” e “autosserviço”.


Vida de revisor é difícil 12 "Pôr" tem acento! Por que "expor" e "repor" não têm?

Professor, na hora da revisão, quase “pirei”. Está certo isso? “Não se sabe a hora exata de pôr tudo em pratos limpos ou se é o momento de compôr com os adversários e até mesmo expôr novos argumentos e dispôr de outros recursos.”

É assim mesmo. Veja que as palavras terminadas em “-or”, ainda que tônico, não levam acento gráfico: “dor”, “cor”, “calor”, “favor”, “amor”. A única que leva é o infinitivo do verbo “pôr”, para diferenciar da preposição “por”. Necessidade mantida no Acordo Ortográfico de 2009, em vigor. Os derivados do verbo “pôr”, como “compor”, “expor”, “repor” e “dispor”, nunca levaram acento gráfico, assim também “justapor”, “contrapor” e “sobrepor”.


Vida de revisor é difícil 11 - Ponto final ou ponto-final?

Professor, eu estava fazendo um trabalho de revisão e me deparei com um caso que me deixou na dúvida. O nome do sinal de pontuação é ponto-final (com hífen) ou ponto final (sem hífen)? A frase era a seguinte: “Faltava, então, àquele romancista colocar o ponto final da sua obra.”

Eu achava que era sem hífen, mas no Houaiss e no VOLP tem a opção com hífen.

É um daqueles casos que nos deixam na dúvida mesmo. O Houaiss (versão eletrônica) não o registra, o que significa que não o enxerga como um verbete; assim, deveria ser sem hífen: "ponto final". O VOLP on-line ("ablbusca") o coloca com hífen: "ponto-final", mas, provavelmente, registra-o assim, com sentido figurado.

Penso que, nesse caso, devemos seguir a norma gramatical (substantivo + adjetivo em sentido normal). Sendo o sinal de pontuação que encerra período, devemos nos referir a ele como "ponto final" (sem hífen), já que não está em sentido figurado: "O ponto final não foi colocado na outra oração." Numa narração, devemos dizer que "A moça colocou um ponto-final na sua relação amorosa." Observe que aqui se usou o sentido figurado. O VOLP deve registrar assim, porque, sendo um vocabulário, é um repositório das palavras existentes, e essa existe... É o que acontece no exemplo de que você trata.

É como ocorre com "bom dia" e "bom-dia". Observe a diferença: a) Ao entrar em sala, o mestre disse um belo bom-dia a todos" x "Bom dia, disse o mestre ao entrar em sala."


Turma 23 do "Curso à distância de Formação em Revisores e Atualização em Língua Portuguesa"

Estamos lançando a 23a turma do "Curso à distância de Formação em Revisores e Atualização em Língua Portuguesa", que, assim, contempla uma larga revisão do programa de Língua Portuguesa, incluindo Adequação vocabular, Ortografia, Pontuação, Flexões nominais, Conjugação verbal, Coesão e coerência, Concordância, Regência, Crase, Emprego de pronomes relativos, demonstrativos e pessoais, além de Colocação pronominal, e outras coisas mais.
Esta turma começará em 7/1, com uma pré-aula, em que falaremos do uso do Skype para os encontros on-line (que podem ser gravados; permitindo ser vistos pelo aluno quando quiser e quantas vezes desejar). Mostraremos, também, o calendário e os itens do programa, e explicaremos toda a dinâmica dos exercícios e avaliações.
A Aula 1 está marcada para o dia 14/1, e o curso se estende até meados de março. O investimento é baixo, apenas R$ 300 para 11 encontros, mais de 350 slides, cerca de 600 exercícios com gabaritos e comentários, além de 10 avaliações corrigidas e, também, comentadas. O grande diferencial deste curso é o “tira-dúvidas”, com atendimento individualizado, a qualquer tempo, por meio de e-mail.
Outras informações podem ser obtidas com o próprio professor em <contato@professorozanirroberti.com.br>.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas neste site, na página inicial.
Caso você não possa fazer o curso agora, agradecemos a sua divulgação.
Qualquer dúvida, faça contato.
Abraços.
Ozanir Roberti