Aula 2 – Ortografia, pontuação e coesão textual

1)     “O equipamento de audiovisual é todo novo.” Mestre, como a palavra “áudio” é acentuada, eu havia escrito “áudiovisual”, com acento também. Entendo que a primeira seja uma paroxítona terminada em ditongo, já, na segunda, muda a sílaba tônica; por isso perde o acento? “Áudio” é um falso prefixo? Na aula, o senhor comentou sobre “cardio”, que é um falso prefixo, pois, apesar de ser uma palavra, ninguém fala essa palavra sozinha. Mas no caso de “áudio”, trata-se de uma palavra que pode ser empregada sozinha. Não?

 A língua, na formação vocabular, tem caminhos curiosos. O radical grego “audio”, usado como elemento formador de novos vocábulos, ou seja, um pseudoprefixo no português, formou palavras como “audiovisual”, “audiofonia”, “audiometria” etc. Delas, por redução, surgiu, na nossa língua, o substantivo “áudio”, que, sendo uma palavra paroxítona terminada em ditongo ou proparoxítona (se considerarmos o encontro vocálico átono final um hiato), na sua existência autônoma, tem de ser acentuada graficamente.

Ocorre exatamente o mesmo com “cárdio”. As duas já aparecem no VOLP como palavras da nossa língua, por isso seguem a regra.

 2)      “O Fluminense treina, mais uma vez, em Águas de Lindoia.” (perdeu o acento gráfico o ditongo “oi” nas palavras paroxítonas). Na cidade onde moro há um bairro chamado “Lindoia”. Permanece sendo acentuado, por ser nome de logradouro?

Não. Deve ser porque a prefeitura não mudou a grafia das placas, o que, com certeza, será feito com o tempo.

Agora, sem a brincadeira, todos os nomes de ruas, praças, outros logradouros, países e instituições têm de se adaptar às mudanças ortográficas da língua. É por esse motivo que se precisa da aprovação no Congresso e da sanção presidencial.

a)      “A atitude da Andreia foi heroica.”

b)      “Nós moramos na Vila das Azaleias.”

c)      “O evento será na Praça Arariboia.”

d)      “A Coreia do Sul é um país muito interessante.”

e)      “A Assembleia Legislativa aprovou a mudança do programa.”

f)       “O jornaleco era conhecido como ‘O Tabloide’.”

3)      "Nós estivemos em Roma e não vimos o Papa." - Nessa oração, a vírgula antes do “e” é facultativa ou obrigatória?

Os melhores autores a consideram obrigatória, uma vez que esse “e” não é aditivo, mas, sim, adversativo, ou seja, o “e” deveria ser lido como se fosse um “mas”, estabelecendo ideias opostas ou contrárias.  

Se a vírgula fosse usada, a frase ficaria mais clara para o leitor, pois exigiria mais cuidado na leitura.

Em geral, recomenda-se o uso da vírgula antes do “e” em três casos:

a)      Com sujeitos diferentes: “Os atacantes pressionaram o meio campo, e a defesa adversária não suportou a pressão.” (“Os atacantes” x “a defesa adversária”)

b)      Com o “e” dando ideia de conclusão: “Muitas razões havia para o recurso, e os advogados apresentaram vários deles.” (“e” = “logo”)

c)      Com o “e” dando ideia de oposição: “Os estudantes estudaram bastante, e não conseguiram a aprovação.” (“e” = “mas”)
4)      Mestre Roberti, está certo o uso desse “e”? “— Chocolate! — falou entusiasmada e erguendo as mãozinhas freneticamente para o alto." Se estiver errado, como deveria ser?

Não está certo, porque ele aparece coordenando verbos de formas bem diferentes: um no pretérito perfeito do indicativo e outro no gerúndio.

Com certeza, faltou o que chamamos de paralelismo nessa coordenação.

Poderia ser assim, mantendo o “e”, numa coordenação:

a)      "— Chocolate! — falou entusiasmada e ergueu as mãozinhas freneticamente para o alto."

Ou então dessa forma, com uma vírgula no lugar do “e”, usando a subordinação:

b)      "Chocolate! — falou entusiasmada, erguendo as mãozinhas freneticamente para o alto."  

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